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Em defesa da manutenção das bulas impressas para a saúde da população do Brasil.

EXIJA BULA

Precisamos defender a exigência da bula impressa dos medicamentos nas embalagens. Sua extinção traria prejuízo e danos, com riscos para a vida de, ao menos, 36 milhões de brasileiros que não possuem acesso à internet no país. Isso sem contar os que não têm dispositivo ideal para acesso e os que não sabem como acessar.

Levantamento mostra que o direito amplo e irrestrito à informação sobre remédio é requerido pela ampla maioria do povo brasileiro

81% da população brasileira de 16 anos ou mais são contra a perda do direito à bula impressa dentro das caixas de medicamentos

Frente ao avanço da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no processo de transição para bulas digitais de medicamentos, o órgão abriu Consulta Pública (CP) 1224/2023 que segue até meia-noite do dia 19/03/2024. Para saber a opinião da população de forma prévia, foi realizada então pesquisa pelo Instituto Datafolha sobre a bula impressa de medicamentos.

Inicialmente, foi abordada uma explicação sobre a consulta pública: "Atualmente, há uma consulta pública no Brasil, para retirada das bulas impressas em papel de dentro das caixas de medicamentos. Se esta mudança for aprovada, as bulas dos remédios serão acessadas pela Internet através de um QR-Code e não haverá mais bulas impressas nas caixas de remédios."


Com isso, a população brasileira com 16 anos ou mais considera a bula impressa dentro das embalagens dos medicamentos algo importante (84%), sendo que mais da metade (58%) considera muito importante.

Ao escolher entre três opções, fica clara a preferência pelo papel: 45% gostariam das duas opções, em papel e digital, 42% preferem apenas a bula impressa e apenas 11% optam pela digital.

Soma-se a isso a percepção da maioria (66%) que já teve problemas com acesso à internet ou com seu smartphone, ou não possuem um celular com acesso à internet, dispositivo mais indicado para acesso à bula via QR code.

A grande maioria (83%) considera que sem a bula impressa nos medicamentos, algum parente ou amigo poderia ter algum problema de saúde por falta de informações sobre os medicamentos.

Por fim, 81% dos brasileiros são contra a perda do direito à bula impressa dentro das caixas dos medicamentos, percentual que representa cerca de 130 milhões de pessoas.

A partir das perguntas formuladas nesta pesquisa e com o nível de informação existente sobre o projeto de excluir bulas impressas das embalagens, destaca-se a opinião contrária da maioria da população brasileira à exclusão das bulas impressas de dentro das caixas de medicamentos. Por outro lado, é possível afirmar também que a inclusão da bula digital sem a exclusão da opção impressa é algo que teria o apoio da população brasileira.

Sobre a pesquisa Datafolha

Sob encomenda da ABIGRAF, as entrevistas aconteceram entre 7 e 11 de março de 2024, de forma presencial, com 2.007 pessoas de 16 anos ou mais de todas as classes econômicas, nas cinco regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
 

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Em alguns casos, "a diferença entre o remédio e o veneno está na dose."

O documento físico é essencial para a segurança no uso dos remédios.  Além disso, pode ser consultado a qualquer momento sem a necessidade de dispositivos eletrônicos.

Em dezembro de 2021 foi aprovado, com ressalvas, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 3846/21, do deputado federal André Fufuca (PP-MA), que institui a bula digital de medicamentos por meio de QR Code. A ressalva diz respeito à continuidade da exigência do acompanhamento da bula impressa dos medicamentos nas embalagens, exceto em casos a serem definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
 

Desde então, muito se fala sobre o tema. As polêmicas envolvem os defensores da exigência da bula impressa dos medicamentos nas embalagens e os que apoiam a digitalização para a consulta. Ainda assim, vale lembrar que atualmente a bula digital já coexiste com a bula impressa. A questão crucial em debate é a digitalização integral do sistema. 

A decisão traria prejuízo e danos, com riscos para a vida de, ao menos, 36 milhões de brasileiros que, segundo pesquisa realizada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) e divulgada em maio de 2023, é o número de brasileiros sem acesso à internet no país. Isso sem contar os que não têm dispositivo ideal para acesso e os que não sabem como acessar.

“Infelizmente a extinção das bulas impressas traria prejuízo principalmente à população mais carente. Como essas pessoas, sem acesso aos computadores e celulares, consultariam as informações sobre os seus medicamentos se a bula impressa não estiver nas embalagens? Elas correm risco de danos graves à saúde e perigo de morte. A diferença entre o remédio e o veneno está na dose. Por esse motivo, consumidor, exija bula impressa”, recomenda o advogado especializado em defesa do consumidor, Alexandre Rohlt Morais.

É importante ressaltar que exigir a bula impressa dos medicamentos nas embalagens é um direito do consumidor. O documento é fonte crucial de informações para a utilização, dosagem, efeitos colaterais e precauções. Nesse sentido, a bula impressa, ainda, orienta os profissionais da saúde quando buscam nela a explicação para um possível efeito colateral, por exemplo.

Da mesma forma, a divisão de opinião sobre impresso e digital atingiu outro setor da economia: o de bares e restaurantes. No Rio de Janeiro, por exemplo, foi definido pela Assembleia Legislativa do Estado a exigência para que os estabelecimentos ofereçam o cardápio impresso, físico, além do digital. A defesa na permanência do impresso busca atender, assim como no caso das bulas impressas, os excluídos digitais. “A inclusão digital não pode, de forma alguma, representar a exclusão da disponibilidade da informação para os grupos sem acesso à internet”, pontua Rohlf Morais.

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Novo ministro do Esporte, André Fufuca foi o autor do Projeto de Lei que pretendia extinguir bula impressa de medicamentos

Medida polêmica, que representa risco para a saúde das pessoas, principalmente da população mais carente, virou lei, mas continua a obrigação para que medicamentos devam ser acompanhados de bula impressa a critério da Anvisa.

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Procon/SP e ANVISA emitem posição sobre a manutenção da bula impressa de medicamentos

Vídeos

Assista a diversos vídeos com entrevistas e reportagens e fique a par do tema.

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